Uma boa tipografia envolve mais do que escolher uma fonte – é a garantia de que o seu trabalho é bem interpretado e que atrai a atenção do utilizador. Veja como!
Já alguma vez olhou para um design aparentemente simples e pensou: “Eu conseguia fazer isso!”?
Mas, quando se senta à frente do computador para tentar, fica sem perceber porque é que a sua tentativa em nada se assemelha à versão profissional.
O que faz a diferença é o know-how basilar necessário para criar um bom design. Hoje listamos alguns princípios básicos da arte invisível da tipografia (dentro do vasto universo que é a disciplina de design), que ajudam a garantir que o seu trabalho seja corretamente compreendido, e que desperte a atenção!
1. Elementos de tipografia – Hierarquia
A função da hierarquia é ajudar a organizar o conteúdo, de forma a que o público consiga facilmente identificar a informação que procura. Reveste-se ainda de maior importância no caso de trabalhos com grandes quantidades de texto, como revistas ou livros.
Por exemplo, se alguém está a ler uma revista sobre culinária, mas apenas está interessado em pratos de peixe, é importante dar ao leitor uma forma rápida e fácil de encontrar essa secção, em vez de o “obrigar” a percorrer grandes blocos de texto. Assim, o recomendável seria organizar os tipos de prato com uma tipografia mais proeminente, recorrendo, por exemplo, à cor, espaço branco, tamanho, entre outros.
2. Elementos de tipografia – Espaço branco
Se os diferentes conteúdos estiverem muito próximos entre si, serão mais difíceis de ler. É aqui que o espaço em branco entra.
Ainda que os clientes peçam, muitas vezes, para preencher o espaço em branco para não desperdiçar oportunidades de introduzir informação, a verdade é que a existência de espaço em branco é intencional – é um elemento ativo de design, que cria equilíbrio e concede respiração ao texto.
3. Elementos de tipografia – Cor
Um dos erros mais frequentes (e mais fáceis de corrigir) é a utilização de texto preto sobre fundo branco.
Se reparar em algumas das revistas ou websites com bom design, verá que o texto preto em fundo branco não é mesmo preto – é cinzento. Esta técnica reduz o contraste de cores e facilita a leitura.
No que diz respeito a outras cores, uma forma de verificar se têm o nível de contraste desejado é fazer a conversão para “grey scale” no respetivo software de edição (em trabalhos web, poderá usar a ferramenta checkmycolours.com). No exemplo em baixo, as cores da imagem à esquerda têm pouco contraste, resultando numa combinação a evitar.
4. Elementos de tipografia – Kerning
Kerning designa o processo de ajustar o espaço entre os caracteres, e tem como objetivo conseguir um tipo de letra mais equilibrado – uniformizando o espaço branco entre caracteres.
Este processo é particularmente importante em cabeçalhos e em grandes tipos de letra, evitando, por exemplo, que duas letras juntas se assemelhem a uma outra letra.
É também importante em parágrafos para evitar quebras de linha indesejadas – sem dúvida que é desagradável imprimir um documento e verificar que a última página tem apenas uma linha ou uma palavra.
Poderá encontrar uma ferramenta interessante (e divertida!) para praticar o Kerning aqui.
5. Elementos de tipografia – Ênfase
Criar ênfase num texto é eficaz se não interromper o fluxo de leitura.
Algumas das formas ideais mais usadas são o itálico, negrito, sublinhado ou maiúsculas – mas quanto tiver que o fazer, escolha apenas uma. Um texto que esteja, simultaneamente, em itálico, negrito e sublinhado é tosco, disruptivo e amador.
6. Elementos de tipografia – Alinhamento
O alinhamento centrado e justificado é frequentemente utilizado – é tentador, mas pode parecer confuso e desequilibrado; além de que este último pode criar espaços irregulares e aleatórios, transmitindo um aspeto descuidado e dificultando a leitura ao utilizador.
Por exemplo, o alinhamento justificado pode gerar os chamados “dentes de cavalo” (texto excessivamente espaçado), ou “rios” (conjunto de linhas com dentes de cavalos).
Por isso, se optar pelo alinhamento justificado, programas de paginação, como o QuarkXPress ou InDesign, permitem evitar estes percalços, ativando a opção de hifenização e configurando de antemão algumas regras de paginação.
Um outro fenómeno tipográfico muito frequente é a existência de “viúvas” e “órfãos”. Uma viúva, em tipografia, designa uma linha ou uma palavra que se situa no final de um parágrafo, e que passa para a página seguinte, por falta de espaço na página anterior. Um órfão designa uma linha ou uma palavra que se situa no início de um parágrafo, que vê as restantes linhas ou palavras passarem para a página seguinte, pelo mesmo motivo.
Sem dúvida que é desagradável imprimir um documento e verificar que a última página tem apenas uma linha ou uma palavra.
Contudo, estas duas situações podem ser resolvidas controlando o tamanho da fonte, o espaçamento entre letras ou entre linhas. Além disso, alguns softwares de paginação permitem evitar automaticamente a ocorrência de viúvas ou órfãos.