CMYK: Bem-vindo ao mundo da cor!

O mundo de possibilidades que o sistema CMYK abre é fascinante, sobretudo no sector das artes gráficas e do design. Como existem as cores e como as vemos?

A cor está tão presente no nosso dia-a-dia que passa imerecidamente despercebida. Na verdade, o que vemos não é a cor, mas uma série de fenómenos de luz que, em conjugação com determinadas variáveis, produzem um resultado único.

A explicação física deste prodígio apenas foi conhecida no século XIX. Contudo, já em 1665, Sir Isaac Newton percebeu, através de uma experiência, que, se fizesse incidir a luz do sol sobre um prisma de vidro, esta dava origem a várias cores. O resultado obtido era um espectro que incluía o vermelho, o laranja, o amarelo, o verde, o azul e o violeta.

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Encontrou-se assim o ponto de partida para os vários e sucessivos estudos e teorias sobre a cor, que continuam nos nossos dias.

Atualmente, sabe-se que a cor é o resultado do grau e tipo de absorção e reflexão da luz de cada material e que, por isso, não tem realidade física por si só – e a cada cor atribuímos sensações.

Sistema de cores

Existem vários sistemas de cores que têm como objetivo principal tornar a cor compreensível de uma forma totalmente objetiva. E, na verdade, torna-se imprescindível esta categorização: o verde que uma pessoa imagina associado à primavera não terá o mesmo tom quando imaginado por outra pessoa.

Esta dificuldade em objetivar aquilo que é tão subjetivo quanto o olho humano encontra a solução nos sistemas de cores, na medida em que permitem traduzir uma cor num número codificado. Desta forma, o verde torna-se no resultado de diferentes e específicas quantidades de pigmentos azul e amarelo – o que é bem mais simples, mensurável e objetivo.

No universo do design e das artes gráficas, os sistemas de cores permitem definir com precisão e rigor o tom de cor pretendido – do imaginado pelo cliente ao resultado final impresso.

Alguns dos sistemas de cores mais usados atualmente são:

RGB
Usado no mundo digital, para trabalhos apresentados em todos os dispositivos luminosos (sobre o qual falaremos num próximo artigo).

Código hexadecimal
Usado em documentos HTML, CSS e outras aplicações de computação.

CMYK e Pantone
Ambos usados no mundo das artes gráficas, em impressão digital ou offset.

RAL
Usado para tintas e revestimentos, no mundo da arquitetura e construção.

Vamos debruçar-nos sobre o sistema CMYK – as quatro letras mais importantes no nosso sector e que representam o sistema de impressão atual.

O que é CMYK? Vejamos.

CMYK

A sigla CMYK é a abreviatura para as cores Ciano, Magenta, Amarelo e Preto – do inglês, (C) Cyan, (M) Magenta, (Y) Yellow e (K) Black Key. Este sistema também é conhecido por Quadricromia.

Estará a perguntar: mas porque é que a sigla não é CMYB, já que preto, em inglês, é Black?

É uma pergunta muito pertinente, mas existe uma explicação. A letra K vem da expressão key plate – a chapa que, no passado, continha a cor preta. Era uma “chapa chave”, ou uma chapa fundamental, porque continha maior detalhe e informações mais críticas.

Nos dias atuais, apesar de a expressão key plate já não ser utilizada, a sigla manteve-se igual para não se confundir com o “B” constante de um outro sistema de cores, o RGB – que, neste caso, significa Azul (Blue).

Assim, todas as cores e todos os tons de cada cor são o resultado de diferentes proporções destas 4: do ciano, magenta, amarelo e preto. Dito doutro modo, a combinação das quatro cores CMYK podem reproduzir grande parte da gama de cores do espectro visível – não todas as cores existentes do mundo.

Para melhor entendermos como nem todas as cores podem ser reproduzidas, a imagem em baixo apresenta o espectro de cores abrangido pelo CMYK, pelo RGB e pela visão humana.

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É possível detetar se um trabalho foi impresso em CMYK através de um conta-fios. Este instrumento, parecido com uma lupa, permite observar os pequenos pontos que constituem uma cor. Estes pontos, quando vistos a o olho nu, são interpretados como uma cor só.

O sistema Pantone também é muito utilizado na impressão. É um sistema de cor mundial constituído por códigos que designam cores já prontas a usar e totalmente fiéis.

Cores invisíveis

Recorda-se previamente de termos falado sobre o espectro “visível”? É que, na verdade, existe um espectro de cores invisível ao olho humano. Sim, existem cores que nunca viu! E como sabemos isso?

Para melhor compreendermos, vamos por um momento colocar um pé na Física.

A luz é apenas uma pequena parte do espectro eletromagnético completo. Existem outras partes deste espectro, como os raios infravermelhos e a radiação ultravioleta, que não são visíveis. Aqui incluem-se, por exemplo, as ondas de rádio, os raios X ou os raios gama – estes últimos, segundo a banda desenhada, capazes de transformar Bruce Banner no incrível Hulk.

O esquema em baixo facilita a compreensão: a parte colorida é visível ao olho humano, e todas as outras são invisíveis.

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Os animais têm um alcance espectral diferente dos humanos e, por isso, conseguem visualizar cores infravermelhas (abaixo da cor vermelha) e ultravioletas (depois da cor violeta).

Por exemplo, as abelhas conseguem ver a luz ultravioleta, invisível ao olho humano, usada pelas flores para atrair a polinização. Os pássaros também conseguem ver a luz ultravioleta. Mas será que estas cores ocultas só estão disponíveis para alguns?

Não, se tiver equipamento para isso – o mesmo equipamento utilizado numa experiência levada a cabo por cientistas americanos em 1983. Nesta experiência, os participantes foram colocados em frente de um painel que apresentava faixas alternadas de luz verde/vermelha, ou amarela/azul. A determinada altura, um rastreador ocular faz com que a retina de metade dos participantes receba apenas a cor verde e, quanto à outra metade, apenas a cor vermelha.

O resultado? Próximo da ficção científica. As cores invisíveis começaram a ocupar o espaço das outras cores. Os participantes reportaram ter visualizado cores nunca antes vistas – não as conseguiam descrever. “A cor era simultaneamente verde e vermelha”, ou azul e amarela. Curioso, não? ?

Vivemos, de facto, tempos extraordinários, em que podemos ver luz que não é visível, e cores que não existem. O mundo da cor impressiona quer pelo que dele conhecemos, quer pelo que dele imaginamos.

As cores podem ser subtis, vibrantes, intrigantes – como se tivessem personalidade própria. E, de facto, têm!

São poderosas ferramentas para influenciar o humor, decorar espaços e fazer declarações importantes. Afetam a nossa impressão de uma marca e até intervém nas nossas escolhas de compra.

A sua aparente banalidade faz com que não nos detenhamos a examinar como verdadeiramente são, mas a escolha de cores para o seu trabalho, projeto ou empresa é crucial para transmitir a mensagem certa.

Por isso, podemos perguntar: o que transmite a cor da sua empresa? E também: de que cor se sente hoje? ?

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